04/07/2008

LIRA (GONÇALVES DIAS)

Lira

Se me queres a teus pés ajoelhado,
Ufano de me ver por ti rendido,
Ou já em mudas lágrimas banhado;
Volve, impiedosa,
Volve-me os olhos;
Basta uma vez!

Se me queres de rojo sobre a terra,
Beijando a fímbria dos vestidos teus,
Calando as queixas que meu peito encerra,
Dize-me, ingrata,
Dize-me: eu quero!
Basta uma vez!

Mas se antes folgas de me ouvir na lira
Louvor singelo dos amores meus,
Porque minha alma há tanto em vão suspira;
Dize-me, ó bela!
Dize-me: eu te amo!
Basta uma vez!


FUI COPIAR O POEMA "OLHOS VERDES" E ACHEI ESSE QUE ATÉ ENTÃO NÃO CONHECIA. GOSTEI DELE. =D

OLHOS VERDES (GONÇALVES DIAS)


Olhos Verdes

Eles verdes são:
E têm por usança
Na cor esperança
E nas obras não.
Camões, Rimas.

São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança
Uns olhos por que morri;
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte.
Diz uma - vida, outra - morte;
Uma - loucura, outra - amor.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São uns olhos verdes, verdes,
Que pode também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do padro,
Mas verdes da cor do mar.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos da cor da esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar;
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que, ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!

SE NÃO POSTASSE ESSE POEMA DO DIAS, NÃO SERIA EU A DONA DESSE BLOG. ESSE POEMA QUE FOI UM DIVISOR DE AGUÁS NA MINHA VIDA, QUE SEMPRE ME ACOMPANHOU, QUE DURANTE MUITO TEMPO CONTAVA AO MUNDO MEU SENTIMENTO, ESSE POEMA HOJE FAZ PARTE DE UM PASSADO MUITO DISTANTE, MAIS MUITO GOSTOSO.
HOJE JÁ NÃO POSSUI A IMPORTÂNCIA QUE OUTRORA POSSUIA, MAIS PUBLICAR ELE É IMPORTANTE PARA QUE EU NÃO ME PERCA DE NOVO EM OUTROS OLHOS E DEIXE DE PERTENCER A VIDA NOVAMENTE.
MESMO QUE OS OLHOS NÃO SEJAM MAIS VERDES.

DESABAFO (ANNA KAROLINA)

Desabafo...

Hoje o dia bem que podia ter saído mais ensolarado...
Bem que essas nuvens poderiam sair do meu céu junto com essa enxurrada de lágrimas que não cansa de querer derramar.
Hoje o dia bem que podia ter saído colorido. Bem que esse cinza poderia sair dos meus olhos junto com essa enxurrada de lágrimas que não cansa de querer derramar.
Hoje o dia bem que podia ter saído mais leve. Bem que esse peso poderia sair dos meus ombros junto com essa enxurrada de lágrimas que não cansa de querer derramar.
Hoje o dia bem que podia ter saído mais dia. Bem que essa noite sem lua e estrelas poderia sair da minha vida junto com essa enxurrada de lágrimas que não cansa de querer derramar...